segunda-feira, 27 de agosto de 2007

AS ESCOLHAS DE E-KO

Colaboração enviada por E-Ko, do Blogue "E-Konoklasta":

Agora os dez que eu escolhi para os filmes da minha vida
Bom, parece que o regulamento do organizador disto é levado muito a sério e que tenho que transmitir as regras do mesmo àqueles a quem vou passar a batata quente. Então é assim, façam uma lista dos 10 filmes de 10 realizadores diferentes que mais vos tenham marcado e transmitam a 10 outros bloggers o pedido para fazerem o mesmo. Agora, que me desculpe o Sr. Lauro António, mas, não posso escolher entre O GRITO e BLOW UP de Antonioni, como não posso escolher entre STALKER e ANDREI RUBLEV de Tarkovsky, e, refaço uma lista que em vez de ter 10 filmes terá 13, imaginem que os dois de cada autor são só um e que são indissociáveis, apesar de diferentes. Tive que fazer-me muita violência para chegar a este resultado mas aqui vai:

METROPOLIS de Fritz Lang 1926

LAWRENCE DA ARÁBIA David Lean 1962

O GRITO de Antonioni 1957

ANDREI RUBLEV de Tarkovsky 1966

HIROSHIMA MEU AMOR de Alain Resnais

BLOW UP de Antonioni

STALKER de Andreï Tarkovsky 1979

VOO POR CIMA DE UM NINHO DE CUCOS
de Milos Formam

O PIANO de Jane Campion

A FESTA de Thomas Vintenberg 1998

POLLOCK de Ed Harris 2000

O PIANISTA de Roman Polansky

FRIDA de Julie Taymor

Agora os dez escolhidos para fazerem a mesma lista dos seus filmes das suas vidas: Armando Rocheteau do 2+2=5, o Kaos do Wehavethekaosinthegarden, o Porvavelmente Talisca do Mértola Assombro, a Sabine do Insustentável Leveza, o Jumento do Jumento, o Filipe Castro do Oeste Bravio, o chato do Xatoo, o Pedro Silva do Argos-Zoom, o Rui Afonso da Tela Abstracta e a Elvira da Tabacaria pessoana e o Antão da Vila de Ameijoas.

posted by e-ko at 16.8.07 6 comments links to this post

14.8.07
como vou eu reduzir a lista?
os filmes que me marcaram
O desafio agora, sim porque para mim é um desafio quase impossível, proposto pela Cristina do Contra Capa, mas a iniciativa partiu daqui só podia, trata-se de fazer uma lista de 10 filmes que me marcaram. Como vou eu agora espremer uma lista de 50 que já foi espremida de uma de quase 90 ? É que vi muitos filmes e quase todos escolhidos a dedo.
Partindo do princípio que muitos dos filmes que me marcaram realizados antes de 1950 são considerados os grandes clássicos, e há muitos, vou só reter um mudo de 1927, METROPOLIS de Fritz Lang, que foi um encantamento visual, mas, da primeira metade do século não posso esquecer o DITADOR e TEMPOS MODERNOS do Chaplin ou o IVAN O TERÍVEL de Eisenstein; depois há filmes importantes que vi ainda com 11 anos (os filmes considerados para crianças encantaram-me mas não me marcaram) como um que estava classificado para maiores de 12 e tinha-me apresentado sozinha à porta do Chaby Pinheiro, com a minha bicicleta, para ver uma fita para rapazes, em que não havia romantismo barato e nem uma só personagem feminina. Lá fiquei de olhos e ouvidos colados ao ecrã, completamente grudada à cadeira, passando a identificar-me na perfeição com o Lawrence das arábias (o que já devia querer dizer qualquer coisa sobre uma personalidade porvir, a identificação com um aventureiro rebelde e panasca e a adesão a causas malparadas); lembro-me ainda do som do vento e de passos de quem avança na areia, antes de se ouvirem os primeiros acordes da inesquecível música de Maurice Jarre, pai do Jean-Michel, que me deu uma paixão particular pelo deserto que se transformou num quase êxtase místico, não poderei esquecer nunca, o grande espectáculo no seu esplendor mas magnífico na minha memória. Outro filme de Lean que não esquecerei e que vi um pouco mais tarde foi o Dr. Givago. Poucos anos depois outro que me marcou, sem ainda conhecer a biografia da personagem principal, Thomas More autor da utopia que li depois na versão completa, A MAN FOR ALL SEASONS (creio que é "um homem para a eternidade") de Fred Zinnemann que devo ter visto quando saíu em Portugal talvez em 1967 teria eu entre 14 e 15 anos e nunca mais esqueci. Outro filme, que me deixou grande marca, dessa época mais ou menos, é o They Shoot Horses, don't They ? de Sidney Pollack, de 1969, cujo título em português não me recordo.
Poucos foram os filmes que tenha visto na televisão e que me tenham deixado rasto na memória. Apenas posso citar 2 o "The Boys From Brazil", uma ficção científica inspirada no abominável Dr. Mengele, com uma excelente intrepretação de Lourenço Olivier e de Gregory Peck, e outro de John Huston, de 1967 intrepretado por Elisabeth Taylor e Marlon Brando num curioso e ambíguo papel, a adaptação duma novela da escritora americana Carson Mac Cullers "Reflections in a golden eye" de que tinha lido antes na tradução francesa. Não gosto de ver cinema na televisão. A televisão, no meu entender, é apenas um possível meio de informação e inevitavelmente de desinformação. Uma máquina de distracção e de esquecimento. E o cinema não é, para mim, um lugar de encontros sociais, sempre fui ao cinema sozinha, como leio um livro. Não gosto de levar ninguém ao cinema e também não gosto que me levem. Entro nos filmes como entro nos livros.
Lamento que só exista uma cinemateca em Portugal. Lamento que as pequenas salas que apresentavam cinema de autor estejam a desaparecer por toda a Europa e com elas um cinema diferente do que nos propõem as grandes produtoras e distribuidoras americanas.

As imagens sugerem mais de 40 filmes diferentes, uns mais conhecidos outros menos, mas ainda aí faltam algumas imagens. Não conheço os títulos de todos os filmes em português porque a maior parte não os vi por cá. Assim, e sem critérios de ordem, temos:
Metropolis de Fritz Lang, mudo, de 1927
A Palavra de Carl Dreyer, 1954
Reflections in a golden eye de John Huston, 1954
Le voyage à Tokyo de Ozu, 1954
The boys from Brazil de Franklin Schaffinez, 1978
Vertigo de Alfred Hitchcock, 1958
O Grito de Michelangelo Antonioni, 1957
Lourenço da Arábia de David Lean, 1962
Contes de la lune vague après la pluie de Mizogushi 1953
Blow Up de Michelangelo Antonioni, 1968
Fahrenheit 451 de François Truffaut, 1971
Voo por cima dum ninho de cucos de Milos Forman, 1975
Moderato Cantabile de Peter Brook, 1960
Beue Velvet de David Lynch, 1986
My left foot de Jim Sheridan 1990
O Processo de Orson Wells 1962
The Lion in Winter de Antony Harvery 1968
The Servent de Joseph Losey 1963
Sacco e Vanzetti de Guidino Montaldo 1970
Taxi Driver de Martin Scorcese 1976
Andreï Rublev de Andeï Tarkovski 1966
Stalker de Andreï Tarkovsky 1966
Easy Rider de Denis Hopper 1969
No decorrer do tempo de Wim Wenders 1975
Jeanne Dielman de Chantal Akerman 1975
India Song de Margueritte Duras 1974
Apocalypse Now de F.F. Coppola 1979
Barry Lyndon de Stanley Kubrick 1975
A Man for All Seasons de Fred Zinnemann 1966
À bout de souffle de J.L. Godard 1960
They Shoot Horses, Don't They ? de Sidney Pollack 1969
Há Lodo no Cais de Elia Kazan 1954
Tous les Matins du Monde de Alan Corneau 1991
Sonata de Outono de Ingmar Bergman 198
Dog Afternoon Sidney Lumet 1976
Nignt Porter de Liliana Cavani 1973
Le Salaire de la Peur de Henri-GGeorge Clouzot 1953
Morte em Veneza Visconti 1971
Few of Us de Sharunas Bartas 1996
O Paciente Inglês de Antony Minguella 1997
Palavra e Utopia de Manoel de Oliveira 2000
Festen (a festa) de Thomas Vintenberg 1998
Mazeppa de Bartabas 1993
Casanova de F. Fellini 1976
Pollock de Ed Harris 2003
Matrix 1 dos irmãos Wachowhy 2003
O Piano de Jane Campion 1993
A Lista de Schindler de Spilberg 1992
Frida de Julie Tayhor 2003
O Pianista de Roman Polanski 2004
A Pianista de Michael Haneke 2001

Bom, paro aqui, já são quase 50! Faltam alguns italianos inesquecíveis e mais uns dinamarqueses como o Festim de Babette mas já chega. Constato, no entanto, que há um grande número de filmes da segunda década de 60 e de toda a década de 70, que uma esmagadora maioria são adaptações de obras literárias; haja editores para quem escreve coisas de qualidade... Agora, devo confessar que nestes últimos cinco anos não tenho ido muito ao cinema por diversas razões, entre as quais, o facto, justamente, de não haver outra coisa que não seja o grande espectáculo das grandes produções americanas nas nossas salas, algumas delas interessantes, mas, "du déjà vu".
Agora vou estudar muito bem a quem vou passar esta batata quente e depois faço um próximo post.

2 comentários:

inominável disse...

lá me vou eu outra vez armar em ignorante, mas tenho que dizer: vi o Stalker duas vezes e não compreendi o filme... as imagens são muito boas (como nos habituou o realizador), mas faltou-me descortinar o simbolismo da obra... e por mais críticas e leituras que tenha feito, continua a ser um grande nó na minha cabeça e até motivo de humilhação... afinal, toda a gente viu o filme, fala do filme, compreende o filme...

Ò LA, bem podias escrever no "LA apresenta" algo sobre este filme, só para mim, assim, a pedido tímido de míuda ignorante :)

Jorge Gomes disse...

Caro Lauro António,

A imagem colocada para o filme A Festa do Thomas Vinterberg, não corresponde ao filme, mas sim, penso eu, a uma peça de teatro (concerteza sobre o mesmo guião), em que participa o actor Rodrigo De la Serna, que aparece na foto, conhecido por cá como o companheiro do Gael García Bernal nos diários de Che Guevara.

Cumprimentos,

Jorge Gomes